domingo, 13 de março de 2016

Se voltasse a viver



Se voltasse a viver Senhor...
Quando o ar enchesse o meu pulmão
Não saberia demonstrar quanto esplendor
Em sentir o batido do meu coração.
Porem aos olhos do mundo,
Tornar-me iria outra vez um defunto
Junto a bando de imundo
Desprezado e sem complacência
Numa sociedade desprivilegiada
E por vozes sem consciência.
Eu reagiria de forma diferente;
Não mais rígido e violento
Para ajudar toda essa gente.
Seria passivo e amoroso;
Jamais ignoraria a voz do meu povo
Nem tornar-me iria tão tenebroso.
Contentar-me-ia com o sorriso das crianças.
Enfrentaria a todos os males
Para proteger e lhes dá mais esperanças.
Viveria um eterno e grande amor!
Não maltrataria a minha mulher,
Ao contrario, a acordaria com um ramalhete de flor.
Meus filhos ainda muito inocentes,
Os cobriria de mimo e acalento
Fazendo-os viver muito mais contentes.
Meu pai, já idoso e ressentido,
Pedir-lhe-ia perdão em veemência
Por ter sido imprudente e ter mentido.
Por toda essa declaração     
Não almejo obter confiança
Nem tampouco comoção...
São apenas simples lamentos
De uma vida conturbada
Às vezes vaga, sem sentimentos.
Abriria aos olhos da nação
Para a importância da natureza inocente,
Que a humanidade parece não ter noção...
Das probabilidades da falta de alimento,
Do ar puro essencial a respiração.
Agora, desprovido dos órgãos do sentido
Percebo nitidamente a “razão”,
A qual antes só tinha fingido,
E faço bom uso de meu inexistente coração.
Como parece ser impossível!
E o “destino nos tira à forma de gente”,
Senhor gostaria apenas não ser “transponível”
Por um breve e inesquecível momento
Para tentar conciliar o inexplicável
Com segredos humanos e seus fundamentos...
(Luciano Francisco de Melo)

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