Se voltasse a viver
Senhor...
Quando o ar enchesse o
meu pulmão
Não saberia demonstrar
quanto esplendor
Em sentir o batido do
meu coração.
Porem aos olhos do
mundo,
Tornar-me iria outra
vez um defunto
Junto a bando de imundo
Desprezado e sem
complacência
Numa sociedade
desprivilegiada
E por vozes sem
consciência.
Eu reagiria de forma
diferente;
Não mais rígido e
violento
Para ajudar toda essa
gente.
Seria passivo e
amoroso;
Jamais ignoraria a voz
do meu povo
Nem tornar-me iria tão
tenebroso.
Contentar-me-ia com o
sorriso das crianças.
Enfrentaria a todos os
males
Para proteger e lhes dá
mais esperanças.
Viveria um eterno e
grande amor!
Não maltrataria a minha
mulher,
Ao contrario, a
acordaria com um ramalhete de flor.
Meus filhos ainda muito
inocentes,
Os cobriria de mimo e
acalento
Fazendo-os viver muito
mais contentes.
Meu pai, já idoso e
ressentido,
Pedir-lhe-ia perdão em
veemência
Por ter sido imprudente
e ter mentido.
Por toda essa
declaração
Não almejo obter confiança
Nem tampouco comoção...
São apenas simples
lamentos
De uma vida conturbada
Às vezes vaga, sem
sentimentos.
Abriria aos olhos da
nação
Para a importância da
natureza inocente,
Que a humanidade parece
não ter noção...
Das probabilidades da
falta de alimento,
Do ar puro essencial a
respiração.
Agora, desprovido dos
órgãos do sentido
Percebo nitidamente a
“razão”,
A qual antes só tinha
fingido,
E faço bom uso de meu
inexistente coração.
Como parece ser
impossível!
Senhor gostaria apenas
não ser “transponível”
Por um breve e
inesquecível momento
Para tentar conciliar o
inexplicável
Com segredos humanos e
seus fundamentos...
(Luciano
Francisco de Melo)