Luciano Francisco
Hoje a singularidade presente nas identidades culturais,
locais e regionais, está ameaçadas e correm o risco de serem esquecidas. Então,
promover o (re) conhecimento, pesquisar, valorizar e registrar as memórias que
permitem conhecer a história local é ponto de partida para fortalecer
identidades e o sentimento de pertencimento a uma determinada sociedade.
O
Estado do Ceará tem origem fortemente vinculada aos povos indígenas, O próprio
nome do Estado provém de "ciará" ou "siará", que significa
"canto da jandaia", que na linguagem tupi é um tipo de papagaio.
Um decreto da Assembleia Provincial
do Ceará, em 1863, declarou que não haviam mais índios na província. Então eles
passaram a ser desacreditados, perseguidos e tiveram suas terras invadidas; somente
na década de 1980, os índios cearenses começaram a reivindicar seus direitos de
posse de terra e o reconhecimento de suas etnias.
De acordo com dados da FUNAI, o
Estado do Ceará tem 15 etnias indígenas reconhecidas com uma população de
22.579 indígenas que se encontram principalmente nos Municípios de
Poranga, Aquiráz, Crateús, Trairi, Itarema, Maracanaú, Pacatuba, Viçosa do
Ceará e Caucaia.
No Sítio Poço Dantas, distrito de Monte Alverne, situado na zona
rural do município do Crato os remanescentes da tribo Kariri iniciaram um
processo de luta pelo reconhecimento perante a FUNAI. A comunidade, segundo os moradores, em virtude de
terem sido historicamente discriminados passa agora por um processo de auto-reconhecimento;
ainda não foi devidamente recenseada como indígena, contudo acredita-se que em
torno de 50 famílias remanescentes dos índios Kariris habitem o lugar. De
acordo com Vanda, moradora (do Crato) que se reconhece como Kariri, “os
trabalhos de pesquisa e de auto-afirmação dos índios na comunidade de Poço
Dantas teve inicio no ano de 2008 por intermédio
de Rose Kariri, estudiosa e ativista da questão indígena, que veio de São Paulo para tentar identificar
a tribo, seus costumes e tradições”. Quando esteve na região à procura de
remanescentes dos índios Kariris, sua primeira providência, segundo Vanda, “foi
ir até um cartório para verificar os registros de nascimento de pessoas com o
sobrenome Kariri”. Na ocasião se discutiu muito na comunidade sobre o processo
de organização e de fortalecimento da identidade indígena. Atualmente esses
remanescentes sofrem com os impactos da obra do Cinturão das Águas (desmatamento
da vegetação nativa e de árvores frutíferas, derrubada de cerca, demolições de
moradias e a ausência de indenizações para
os moradores atingidos), muito do que foi debatido e planejado não foi
realizado e a comunidade permanece desarticulada – sem uma Associação
Comunitária definida e registrada, ou qualquer entidade que represente e defenda
os seus interesses perante o Poder Público.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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professores da Escola no José Alves na comunidade Poço Dantas.